Porque tanta resistência em crescer? O que tem de errado comigo? Porque eu não posso assumir de uma vez que “o sonho acabou”, e que assistir desenho e comer farinha láctea tem que ser substituído por uma salada e o jornal nacional?
Aniversários com bolo, salgadinhos, docinhos e música da Xuxa foram substituídos pelo churrasco ao som de Luan Santana (por que Senhor, por quê?).
A atenção dos pais não é mais aquela, eles até viajam e nem sequer cogitam a possibilidade de levar a filha “amada” junto, agora tudo para os dois é “lua de mel”, antigamente até dava palpite pra onde iríamos. Saudades de quando o meu sofrimento era tentar fazer a tarefa de matemática, pois se não, lá vinha um recadinho lindo na agenda para a mãe assinar (que depois de algum tempo aperfeiçoei a técnica de estelionato). Acho que só a uma espécie no mundo pela qual seremos eternamente paparicados, nossas avós. Querida, ela até trouxe um pão caseiro na mala lá de Chapecó, só porque eu sou louca pelo pão da dona Neca.
Responsabilidades pra alguém que ainda tem vontade de montar a casa da Barbie na sala de TV inteira, subir no pé de ameixa e achar que está arrasando lá de cima. Ô tempo bom. Sei que não estou velha e nem perto disso, mas era muito bom quando alguém era responsável pelos nossos atos. Sim, acho que é isso uma das maiores dificuldades, a preocupação com a minha pessoa, de como cuidarei do meu futuro se até pouco tempo atrás era só correr para o colo do pai e da mãe e que a sensação de que estava tudo resolvido era certa e incrível. O que eu farei para realizar todos aqueles sonhos adultos que tenho? Ai é preciso deixar a maioria dessas coisas tão boas de lado para começar a lutar e construir aquele personagem que quando éramos crianças admirávamos tanto.
Mas se depender de mim, serei eternamente “Mica Raca” com a boca empapuçada de farinha láctea mas com um Leão de OURO na mão, meu bem!
Isabella.
